sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Finados

O Timor eh um pais prioritariamente catolico, pelo menos eh o que consta no dados oficiais e na wikipedia. No dia 2 de novembro, aqui tambem eh dia de finados, mas as coisas sao um pouco diferentes. Pela primeira vez na minha vida eu tive um dia de finados com sol, muito sol. Alem disso a relacao com a morte que os timorenses tem eh muito diferente. Morte nao eh tristeza. Quando alguem aqui morre se faz um grande festa durante todo o dia com muita comida, muita gente... eh um grande encontro. Os timorenses juntam dinheiro prara gastar em dois momentos da vida: para o dote dado pra familia da noiva, que geralmente sao bufalos, porcos, caes e galinhas, e para a grande festa do funeral. O funeral tem que ser uma boa comemoracao, eh uma questao de honra. Um outra caracteristica eh que o luto dura muito tempo e a pessoa sempre tem algum sinal: tem pessoas que ficam um ano de roupa preta, outra apenas com uma faixa no braco, mas de um modo ou outro a perda eh manifestada. E so retiram o luto quando a morte faz aniversario, acreditem, tem convite e tudo, com direito a todas as cores quando vai se comemorar o desluto, de por exemplo um ano!
E como todo bom pais colonia-catolica, o timor tem o seu sincretismo. No lugar que moro atualmente,( ah, me mudei do China, eba, eba) os timorenses fizeram uma festa-missa para comemorar e assim trazer a alma de um dos parentes ou dos amigos que morreram quando lutavam contra a invasao da indonesia, em 1975.
No dia dois fui ao Cemitero de Santa Cruz, onde teve o massacre do 12 de novembro. A primeira sensacao ao se entrar em um cemiterio timorense eh uma pergunta: por que tantas cores? O cemiterio daqui eh muito colorido e enfeitado, com tudo que possa se pensar ate mesmo com flores e vasos do tipo "made in paraguay". Eh o primeiro momento pra se pensar que eles realmente tem outra relacao com morte. O cemiterio estava todo enfeitado com flores naturais, afinal eh primavera! Todos os timorenses fazem uma cesta com muitas flores, flores e flores pra colocar na lapide do parente que, no dia anterior, foi lavada. Uma coisa estranha era uma fumaca densa, que quando fui descobrir vinha de uma parte do cemiterio onde as flores que eles colheram eram jogadas para serem queimadas .
Foi bonito ver a morte colorida, ver ela vestida com o fogo que arde nas flores.

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