sábado, 28 de junho de 2008

Véspera

Realizar um exercício escrito em que eu me exponha? Não é fácil para mim...
Mas aí vai a tentativa de dividir uma memória estranha com que já faz parte dela.

Quando eu tinha 17 anos um professor de Letras falava de um poema de Drummond e o poema, por sua vez e por direito, falava da Monalisa. Lembro de várias referências: o professor era da UFMG, o livro era Farwell, a publicação era póstuma e em algum momento era um "livro de vestibular", do meu lado sentava a Clarice, estávamos no auditório da Unileste - não lembro uma palavra sequer do poema. Mas o poema disse algo para o professor e o professor disse pra mim: o quadro da Monalisa é a véspera de um sorriso. E aí eu pensei na sensação de véspera, achei muito melhor que expectativa: expectativa nunca é sentida direito, a ansiedade a engole, já a véspera invade e se permite ser, às vezes uma ilusão ou outra pega um pedaço, o que faz ficar tudo muito melhor.

Poderia divagar linhas e entrelinhas do que é ir para o Timor Leste, mas isso é coisa de expectativa, o que eu sinto é véspera.