terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Bali

Voltei, para quem pensou que eu havia me acabado junto com as viroses/diarreias daqui que se tornaram parte de mim durante semanas, eu voltei. Na verdade passei por algumas dificuldades aqui, o que me impediu de escrever durante todo esse tempo. (Observação, escrevo em um computador português, literalmente, que não aceita meus acentos!)
Primeiro vou falar das férias: fui para Bali, apenas. Sim, achei que Bali seria muito mais emocionante… Mas vamos começar a contar a história desde o início, afinal, caros amigos, eu e vocês estamos aqui para isso. Há duas formas para ir a Bali, a primeira é pegar um voo daqui de Dilí mesmo e a segunda é ira até o outro lado da ilha, que é território da Indonésia, e pegar um voo da cidade de Kupang para Bali. Claro que eu fiz a escolha de ir para Kupang, com todos os sacrifícios que isso acarreta: para chegar a Kupang, eu e meus amigos, pegamos uma van e viajamos durante 12 horas e meu estômago, como sempre, agradecendo cada curva. Mas valeu a pena, pois pude perceber particularidades da vida timorense, a proximidade cultural deles e a diferença na vegetação; é impressionante, a vegetação do lado da Indonésia é muito mais densa, tem mais variedade, as folhas são mais largas; há rios e não ribeirão.
Chegamos em Kupang, minhas expectativas iniciais era de uma cidade grande, desenvolvida, meio Belo Horizonte, dadas as devidas proporções de redução para Kupang.
- “O quê?”, em tom histérico.
Kupang é uma Dilí gigantesca e desorganizada, prédios sujos e mofados, lixo nas ruas, calçadas tortas, trânsito sem leis e blá! É apenas uma Dilí grande e muito mais desorganizada que a minha querida Dilí. E parte do pacote dessa viagem, era dormir uma noite na famigerada cidade, (uou!)e adivinha como era o hotel: mofado! Eu mais dois amigos dividimos um quarto, a diária era 33 dólares, um absurdo de caro, é o preço de um hotel luxuoso de Bali, com piscina e tudo mais! E para jantar numa cidade como essa? Claro que numa hora precisa como essa é que vem o meu TOC ( Transtorno Obsessivo Compulsivo), primeiro por ter só comida indonésia, logo sem sal e doce, segundo porque a comidas ficam expostas e, terceiro, principal, a noção de higiene do lado de cá é muito, muito diferente. Bom, brindemos a Coca-Cola! Graças ao meu bom Deus, o capitalismo selvagem trouxe a Coca para todos os cantos do mundo, do fundo do meu coração digo isso!
No dia seguinte fomos para Bali, todos falavam do cheiro típico de Bali, devido aos incensos que há por toda parte por causa da religião deles, eu não senti nada, o mofo entupiu meu nariz! Mas a coisa mais doida foi ir em uma cidade relativamente grande, eu estava aqui isolada em Dili, com a minha vidinha, minhas coisinhas, praia sem muita gente, fuzuê só véspera de natal, carros velhos, biz, biz e biz, gente tomando banho em quintal de casa, córregos a céu aberto, crianças pelas ruas de calcinha e cueca, porcos por ai, búfalos, cachorros, galinhas e… aquela cidade com tudo super preparado para o turismo! No primeiro dia eu senti falta da querida Dilí, mas depois veio as minhas raízes campineira, beozontinas e me senti a vontade. A boa culinária balinesa e a variedade me compraram, como eu comi naquele lugar, como eu comi e como eu comi: a comida era salgada! Tinha restaurante mexicano, italiano, grego! Além de tudo tinha água tratada, banho quente… Oh, era o paraíso.
Ai decidi dar um role pela cidade… aquilo lá é um shopping a céu aberto, cada esquina tem uma loja da Pólo, Dolce e Gabanna, essas marcas europeias, tudo muito barato para quem ganha em real mesmo! E quando não eram as lojas de marcas, todos os cantos tem lojas dos próprios balineses que assediam o tempo todo os turistas, caramba, aquilo virou um inferno. Eu fui para a praia, um dia desses, e veio 5 vendedores me oferecendo canga, aulas de surf, massagem, unha, esteira… eu só queria pegar uma corzinha, só! Ainda bem que meu hotel era de luxo, tinha uma piscina maravilhosa! Detalhe, com um cavalo com um pinto gigantesco que era a ducha da área da piscina, tudo aqui da decoração tem putaria, como diria a minha amiga Meiri, “povo imoral”. O mais chato disso tudo, voltando às compras, é que é uma simpatia forçada, quando se recusa uma compra, ele começam a falar coisas no dialeto deles, isso foi uma coisa que me tirou do sério.
Fora isso fiz vários passeios pelos lugares turísticos: templos, marcenarias, lojas de artesanato, campos de arroz e, para minha felicidade, fui para um vulcão, Agung, que ainda está ativo… Isso foi emocionante, muito legal mesmo! Mas o mais impressionante é que Bali não é uma cidade para os balineses, só tem turista e australiano, é o quintal da Austrália. O que achei bonito de lá mesmo foram as entre-linhas, em todo canto tinha oferenda para os deuses, nas calçadas dos centros comerciais havia flores e incensos para os deuses. O único problema é que sem querer a gente acaba pisando e diz que dá má sorte, deve ser por isso que tive um problema com meu siso e tive que fazer uma operação simples.
Chegou a hora de partir e não havia passagens direto para Dilí, tivemos que fazer o mesmo caminho da ida, confesso que quando cheguei em Kupang, me deu um desespero, num queria ficar naquela cidade mesmo e mais uma noite lá. E realmente eu pude vivenciar o “indonesian way of life”, sabe aquela coisa que é de um jeito e nunca vai mudar, as pessoas parecem acomodadas demais, “é aquilo e pronto”. Pela primeira vez, eu tive segurança na escolha que o Timor-leste fez em se desvincular da Indonésia, o que me ajuda muito no trabalho que faço aqui.
Estou tão feliz de ter voltado para Dilí.

Nenhum comentário: